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CONSERV mostra na prática que é possível criar valor para florestas

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Por Sara R. Leal¹

Em evento on-line realizado na última terça-feira, 3 de maio, o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), em parceria com a Liga do Araguaia, apresentou os dados mais recentes do projeto CONSERV. Com os seis novos contratos firmados com produtores rurais que participam da Liga, localizados na região do Médio Araguaia, em Mato Grosso, a iniciativa passa a remunerar pela conservação de mais 4.552 hectares de vegetação nativa que poderiam ser suprimidas legalmente. No total, são 16 assinaturas que somam 14.320 mil hectares de florestas nativas conservadas dentro de propriedades privadas da Amazônia Legal – áreas que, por lei, poderiam ser suprimidas.

A expectativa é de que o projeto chegue ao final de 2022 com 20 mil ha de áreas contratadas pelo CONSERV, distribuídos em locais diferentes da Amazônia Legal, incluindo o bioma Cerrado e bioma amazônico. “Nosso esforço é desenvolver um modelo de negócio que permita que a conservação faça parte do fluxo de caixa dos produtores rurais”, afirmou a diretora adjunta de Desenvolvimento Territorial no IPAM, Lucimar Souza.

Assista ao evento na íntegra:

O moderador do evento e diretor executivo do IPAM, André Guimarães, ressaltou que a humanidade enfrenta um desafio planetário de buscar um modelo de produção que aumente cada vez mais a produção e diminua a pressão sobre os recursos naturais. “A manutenção das florestas se faz imperativa para combater as mudanças climáticas e continuar produzindo alimentos, já que a agropecuária brasileira é fortemente dependente dos ciclos naturais de chuva”, explicou.

“Quando falávamos há alguns anos em criar valor para as florestas, parecia algo distante. Agora, o CONSERV mostra na prática, com resultados, que isso é possível”, afirmou durante a transmissão o produtor rural, membro fundador da Liga do Araguaia e presidente do IMAC (Instituto Mato-grossense da Carne), Caio Penido. “Devemos buscar iniciativas e parceiros para colocar o Brasil no lugar que ele merece na geopolítica global – como detentor da maior biodiversidade do planeta e maior player de serviços ambientais no mundo”, complementou.

Segundo o integrante do Conselho de Administração no Itaú Unibanco, Candido Bracher, o Brasil possui grandes oportunidades nesse contexto. “Existe a crise climática e o país possui uma ‘máquina de capturar carbono’ [florestas], seu preço irá valer muito. Para os exportadores, o Brasil ser visto como uma potência ambiental facilita a receptividade dos nossos produtos agrícolas nos mercados internacionais, enquanto o contrário prejudica. Para os agricultores, é como se tivesse surgido uma nova cultura além da soja e do milho. Portanto, só temos a ganhar com iniciativas como o CONSERV”, reforçou.

Para o coordenador executivo do Instituto Agroambiental Araguaia, José Carlos Pedreira de Freitas, a fazenda não se trata só da área produtiva ou floresta, mas um conjunto de ativos que, conectados, trocam serviços e benefícios entre si. “Temos o carbono, mas há também a biodiversidade, recursos hídricos, dentre outros. A partir dessa percepção, é importante reconhecer o valor dos ativos ambientais e precificá-los”, afirmou.

Produtora rural da Liga do Araguaia contratada pelo CONSERV, Liliana Maria Crego enfatizou que a produção é diretamente dependente dos recursos naturais. “É necessário aliar a conservação com o aumento da produtividade por meio do de técnicas que já existem para continuar produzindo”. Segundo produtor contratado a participar do evento, Carlos Roberto Della Libera disse que “precisamos procurar viver da melhor maneira possível, aprimorando o lugar onde trabalhamos/vivemos e em harmonia com a natureza, não contra”, concluiu.

¹Jornalista e analista de Comunicação no IPAM, sara.pereira@ipam.org.br

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