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Preservação é a chave para o desenvolvimento, afirma diretor do IPAM

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Por Lucas Guaraldo*

Combater o desmatamento de maneira eficaz é um passos fundamentais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa brasileiras e garantir o crescimento econômico e social do Brasil nas próximas décadas, afirmou o diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), André Guimarães, durante o evento “Estratégia da Indústria para uma Economia de Baixo Carbono”, realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). A cerimônia discute as alternativas para a transição verde da economia e o papel das florestas e da bioeconomia na redução das emissões de gases efeito estufa.

“O Brasil talvez seja o país que mais se beneficia ao cumprir os seus compromissos climáticos. Se a gente combater o desmatamento de uma forma eficaz, o Brasil entra com altivez no mercado de carbono, atrai mais recursos e mantém a nossa capacidade produtiva. O mundo está comprador de florestas em pé e o Brasil pode se destacar nessa área”, aponta Guimarães.

Também participaram do painel a líder global de Relações Corporativas da Suzano, Mariana Lisbôa, diretor executivo da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), Carlos Alfredo Lazary Teixeira, e diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Bruno Caldas Aranha, e moderação do presidente do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé da Silva de Almeida.

O evento pretende promover o diálogo do setor empresarial com especialistas nacionais e internacionais em pautas ambientais como forma de encontrar caminhos para a construção de um mercado de carbono nacional sólido e para o cumprimento dos acordos internacionais de preservação.

Regulação

Além disso, André Guimarães destaca que o cumprimento dos compromissos climáticos firmados pelo Governo pode, além de controlar o desmatamento e a invasão de florestas públicas, representar uma oportunidade de crescimento para o Brasil.

“A situação ambiental do Brasil, hoje, significa uma série de questões para a economia brasileira. Representa restrições nos investimentos, questionamentos de parceiros internacionais, redução do ingresso de recursos de cooperação internacional e aumento de risco Brasil no mundo todo. Isso, obviamente, atrapalha o ambiente de negócios.”

Segundo dados do Conserv, projeto que compensa produtores rurais pela conservação da vegetação nativa dentro de suas propriedades que poderia ser legalmente desmatada, existem hoje cerca de 11 milhões de hectares de excedente de reserva legal na Amazônia Legal que poderiam ser legalmente suprimidos e que, segundo o diretor do IPAM, poderiam ser incluídos em um ambiente regulatório de negociações de carbono.

“Temos o equivalente a um ano de emissões brasileiras que podem ser legalmente desmatadas. Em valores do mercado de carbono de hoje essas áreas valem cerca de U$20 bilhões, mas estão sendo desmatadas para retornos financeiros baixíssimos. Por que a indústria de São Paulo não poderia estar compensando uma parte de suas emissões evitando o desmatamento no Acre, no Amazonas e no Pará? Nesse processo criaríamos um mercado que faria circular recursos financeiros, resultados sociais, resultados econômicos e resultados ambientais para o Brasil”, apontou Guimarães.

Patrimônio público

Além da criação de um novo mercado financeiro, André Guimarães destaca que a preservação dos ativos florestais brasileiros é fundamental, também, para a preservar recursos naturais públicos e garantir o abastecimento do território nacional.

Atualmente, as fraudes no CAR (Cadastro Ambiental Rural) respondem por 65% do desmatamento em terras públicas da Amazônia. Dos 56,5 milhões de hectares de áreas não destinada na Amazônia, 18,6 milhões de hectares possuem CARs ilegais sobrepostos às áreas preservadas e, nos últimos 2 anos, as taxas de desmatamento nessas áreas dispararam em 50%.

“Parte da solução para lidarmos com o desmatamento da Amazônia é combater a ilegalidade. A gente não pode estar à mercê de criminosos que estão subtraindo patrimônio público para transformar isso em propriedades privadas. Uma árvore da Amazônia chega a bombear mil litros de água por dia. Se estamos perdendo milhares de árvores por minuto na Amazônia, façam a conta da quantidade de água que está deixando de vir para a irrigação das lavouras e deixando de abastecer nossos reservatórios.”

Estagiário sob supervisão de Natália Moura*

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